A Escola é um Ambiente Seguro?
A segurança nas escolas vai além de muros e câmeras
Quando perguntamos aos estudantes se a escola é um ambiente seguro, a maioria responde que sim, mencionando portões, câmeras de vigilância, cercas e a ausência de assaltos. Esse entendimento, no entanto, está limitado à segurança física contra ameaças externas, muitas vezes relacionadas à criminalidade.
Mas será que segurança na escola se resume apenas à proteção física?
O que é segurança emocional no ambiente escolar?
O conceito de violência escolar vem sendo ampliado por estudos e legislações que reconhecem formas menos visíveis, como a violência psicológica, moral, patrimonial e sexual. Diferente da violência física, essas outras formas não deixam marcas evidentes. Palavras, gestos, expressões ou atitudes podem causar controle, repressão ou sofrimento emocional.
Nesse contexto, surge a importância de discutir a segurança emocional na escola. Um ambiente escolar verdadeiramente seguro precisa garantir o bem-estar físico e emocional de todos os seus integrantes.
O bullying como forma de violência escolar silenciosa
Um dos tipos de violência mais debatidos nos últimos anos é o bullying escolar. Ao contrário de desentendimentos pontuais, o bullying é caracterizado por agressões repetitivas e sistemáticas, com desequilíbrio de poder entre agressor e vítima.
De acordo com Mellor (1990) e Sullivan (2000), citados por Carvalhosa (2010), o bullying envolve atos físicos ou psicológicos persistentes, dificultando a defesa da vítima.
Os impactos do bullying na saúde mental dos estudantes
A psicologia entende que o bullying afeta diretamente a autoestima, gerando crenças disfuncionais sobre valor pessoal e relações interpessoais. A escola, como ambiente formador, pode tanto reforçar padrões de violência quanto promover intervenções transformadoras.
Competências socioemocionais como ferramenta de prevenção
Trabalhar o desenvolvimento socioemocional é essencial para combater o bullying. Para quem agride, esse processo ajuda a identificar gatilhos emocionais e desenvolver estratégias mais saudáveis de relacionamento. Para quem sofre, contribui no fortalecimento emocional e na busca por apoio.
O papel da família na construção de um ambiente seguro na escola
O combate à violência escolar, especialmente ao bullying, exige uma atuação conjunta com a família. O ambiente familiar é o primeiro espaço de aprendizado emocional. Pais que promovem diálogo, escuta e respeito criam bases para filhos que reproduzem esses valores na escola.
Por outro lado, ambientes familiares agressivos ou negligentes podem levar crianças e adolescentes a apresentar comportamentos violentos ou a se tornarem alvos fáceis de exclusão e isolamento.
A escola como espaço acolhedor: o papel dos professores e gestores
Professores e gestores são figuras-chave na construção de um ambiente escolar seguro. Sua forma de lidar com situações de violência pode interromper ou perpetuar padrões nocivos. Inclusive, é fundamental lembrar que muitos educadores também são vítimas de violência e precisam de suporte institucional.
Segurança emocional é tão importante quanto segurança física
Promover um ambiente seguro na escola vai muito além da instalação de câmeras ou da presença de seguranças. Envolve a construção de um espaço de pertencimento, respeito e escuta — onde todos se sintam emocionalmente protegidos.
Dia Nacional de Combate ao Bullying: um chamado à ação contínua
Neste Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola, reforçamos a necessidade de um compromisso coletivo e permanente. A violência não ocorre apenas em datas específicas; ela impacta diariamente estudantes, professores e toda a comunidade escolar.
Transformar essa realidade exige ações contínuas: fortalecer o diálogo, promover vínculos saudáveis e garantir que cada aluno se sinta protegido e valorizado. Só assim a escola será, de fato, um ambiente seguro para todos.
Referências:
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CARVALHOSA, Susana Fonseca. Prevenção da Violência e do Bullying em Contexto Escolar. Climpsi Editores, 2010.
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GOTTMAN, John. Inteligência emocional e a arte de educar nossos filhos. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.
Por Gabriela Fernandes Maximiano
CRO 09/8443